quinta-feira, 2 de outubro de 2014

momentos de decisão

Momento de decisão

Em tempos passados, era comum o pai decidir muito precocemente a profissão para os filhos. Já o jovem de hoje tem maior autonomia para escolher seus amigos, seus amores e sua profissão. Entretanto, o que se apresenta como liberdade nem sempre verdadeiramente o é. Dentre os vários desafios da adolescência, a escolha profissional merece atenção, principalmente nos tempos atuais, quando as alternativas e exigências no mundo do trabalho têm se expandido de forma considerável. A modernidade traz consigo a diversidade de várias profissões e um índice assustador de desemprego. O mundo globalizado coabita oportunidades excepcionais, no entanto, acentuam conflitos vocacionais nos jovens que se preparam para entrar no universo do trabalho.
As mudanças tecnológicas e sociais deixam laços de trabalho cada vez mais fluídos, mas em poucos anos, se tornam obsoletas, enquanto surgem diversas outras. O conhecimento se recicla em intensa velocidade, exigindo do profissional constante atualização. E o tão esperado diploma não pode garantir um emprego ao jovem formado. Mas como lidar com tudo isso?
Primeiro temos que ter a idéia de apresentar um “dom” para determinada atividade, ter o desejo, uma chama ardente que nos indica o que gostamos ou não, o que queremos ou não “ser quando crescer”. Ainda que a maioria dos pais não imponha mais uma profissão ao filho, o papel da família é fundamental, e sem dúvida, preponderante. As diversas vozes ou chamados que incidem sobre a criança terão papel determinante em sua subjetividade e, por conseguinte, na futura escolha profissional. O desejo de ser alguém, de ter que se desvencilhar dos pais e ter que fazer uma escolha profissional precoce, faz com que o adolescente passa por uma etapa de autonomia e pela necessidade de buscar a si próprio. Em seguida, vem à fase do vestibular, muitas vezes uma prova elitista, que contribui para aumentar o abismo entre as classes sociais. Não há dúvida, que é uma fase significativa na vida do adolescente, funcionando com um rito de passagem para a vida adulta, promovendo um angustiante encontro real e um amadurecimento por sua escolha. E por fim, um projeto de vida, a busca do bem estar e do prazer em encontrar um trabalho dos sonhos e se realizar. A alta idealização de um trabalho perfeito e sem frustrações contribui para desiludir aqueles que estão inseridos no mercado de trabalho. Essas decepções se acentuam aos que escolheram a carreira movida exclusivamente pela possibilidade de retorno financeiro. Nem sempre o reconhecimento da vocação é tarefa fácil. Já os que descobrem sua vocação, o trabalho não se restringe a uma forma de sustento, torna-se um meio de realização pessoal, de sentimento e de satisfação. O projeto de vida, cujo o foco é  relação do sujeito com o seu desejo, deve ser pensado, analisado e construído através de sua subjetividade e encontrar o que busca dentro de si, pois escolher apesar das incertezas, é a única garantia  do próprio desejo de acertar.

Heloise Amorim é professora e jornalista.
Fonte: O olhar do adolescente, revista:
 caminhos da cognição;
 escolhas vocacionais; pág. 46 a 51.


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